Celebrando a Jesus

“E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo:  Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem.” Lucas 2:13-14

 

         Em nossa história como igreja nunca comemoramos o Natal. Temos plena convicção de que, nos moldes em que a data é comemorada, as festividades tradicionais estão contaminadas por paganismo e mentira.

         Basta buscar informação em qualquer literatura séria ou enciclopédia confiável, para ver que os símbolos comumente usados são absolutamente comprometidos e ofendem a Deus, nada tendo a ver com as tradições e os relatos bíblicos. A árvore de natal (pinheiro), por exemplo, começou a ser usada pelos “cristãos” em substituição aos sacrifícios ao carvalho sagrado de Odin (um deus germânico, também conhecido como demônio das tempestades). Portanto, aqueles que erguem um pinheiro de natal em suas casas estão colocando ali um objeto de origem não apenas idólatra, mas completamente ligada a misticismo em suas origens. Aliás, a Bíblia fala do uso de árvores para fins de idolatria (Jr. 40:2-6; Is. 44:14-17; Os. 4:13; Dt. 16:21). As guirlandas (enfeites que se penduram nas portas e paredes) também provêm das festas romanas a falsos deuses. A figura do Papai Noel, além de iludir inocentes, nasceu do culto a um santo católico, São Nicolau, canonizado por Roma no Século V. Mesmo os presépios que tentam reproduzir a cena bíblica no nascimento de Jesus numa manjedoura, transgridem um dos principais mandamentos da Palavra de Deus, que proíbe o uso de imagens de escultura para fins de veneração.

         Como se não bastasse, o ambiente mais comum nas casas nas noites de 24 para 25 de dezembro costuma ser dominado por bebedeira e glutonaria. Enfim, da forma como o mundo celebra o Natal, não há nada que glorifique a Deus e que convenha a seus filhos. Talvez tentando denunciar tudo isto, nosso pêndulo tenha ido para o outro extremo, quase que condenando qualquer tipo de alusão ao Natal no meio da igreja.

         Aos poucos, e com muito cuidado, temos sido convencidos de que há um lugar saudável e de equilíbrio para este tema. É verdade que ninguém sabe o dia em que Jesus nasceu (e quase ninguém contesta o fato que Jesus não tenha nascido em dezembro, a julgar por alguns indícios bíblicos). Nós temos plena convicção que não foi em dezembro, tanto pelos fatos históricos quanto pelos bíblicos.          Cremos o que nascimento se deu por ocasião da Festa dos Tabernáculos. A própria Enciclopédia Católica admite que a adoção da data de 25 de dezembro origina-se de uma festa romana ao deus Sol, no solstício de verão. Quanto a isso, pode-se entender que apenas maquiou-se como cristã uma festa pagã ou que o Cristianismo fez cair por terra uma prática idólatra e ocupou o seu lugar com uma celebração que apontava para Jesus. É exatamente neste ponto que temos trabalhado a nossa prática sem quebrar as nossas convicções.

         Imagine que o Brasil se tornasse um país de maioria evangélica e que, por conta disto, as leis fossem mudadas e o dia 12 de outubro, ao invés de ser consagrado à Aparecida, passasse a ser um dia de honra a Jesus Cristo. Isso seria ruim ou errado? Então, podemos perguntar: Por que não celebrar o nascimento de Jesus, num ambiente verdadeiramente cristão, ainda que a data seja simbólica?

         Mesmo não sendo a data ideal, no mundo todo foi a data oficialmente adotada. Na Índia, país não cristão, e de uma religiosidade acentuada, o único dia em que se pode falar abertamente de Jesus é o dia 25 de dezembro. Em todo o mundo fala-se sobre o nascimento de Jesus. Adotar outra data soaria ridículo e causaria escândalo.

         Ouvi um argumento que me fez refletir: Deus não quis que a data do nascimento do seu Filho passasse em branco, como uma noite qualquer! Ainda que os momentos mais importantes da História tenham sido a morte e a ressurreição de Jesus, o dia do seu nascimento produziu festa e celebração entre os anjos e os homens. Aquela não foi para Deus uma noite como as outras. Anjos apareceram a pastores nos arredores de Belém e corais celestiais celebraram aquele momento (Lc. 2:8-15). Uma estrela despertou magos do Oriente para o fato de que havia nascido o Rei dos Judeus e eles não permaneceram frios diante do fato. Antes, vieram com seus presentes honrar o menino que jazia nos braços de Maria e José, seus pais (Mt. 2:1-11).

         O que isso quer dizer? Que devemos esquecer tudo o que afirmamos nos últimos anos e retornar ao velho Natal do mundo? Ou que cristãos verdadeiros têm que celebrar o Natal? Não, definitivamente não! Quer dizer apenas que é possível fazer dessa noite uma noite de lembranças da história bíblica, de verdadeira adoração e testemunho, pois o Verbo se fez carne e habitou entre nós.

         Se alguém pode celebrar de forma correta, esse alguém é quem o conhece. O crente sabe o que tudo isso significa. Ele tem motivos para dar graças a Deus pela vinda de seu Filho Unigênito. O que quero sugerir, é que você fuja daquilo que é condenável. Não encha sua casa com objetos de decoração contaminados só porque é tradição ou porque acha bonito. Não engane seus filhos com a mentira do Papai Noel, que rouba deles a atenção que deveria ser para Cristo. Não participe de festas onde reina o pecado e as pessoas vão ofender a Deus com sua bebedeira e glutonaria.

         Por outro lado, não se sinta impedido de celebrar o nascimento de Jesus. E se for fazê-lo, crie um ambiente adequado, santo, onde o que se veja seja a comunhão, a simplicidade e, acima de tudo, a adoração. Que Jesus não seja só a desculpa para dar ocasião à carne, mas o centro, aquele que é honrado com orações e testemunhos.

         Num momento de discórdia e desentendimento entre os que julgavam importante não aceitar determinadas posturas, Paulo traz um alerta: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus” (Rm. 14:4-5). Mas se alguém vai festejar, que o faça com um espírito verdadeiramente cristão – CELEBRE JESUS.

 

Pr. Samuel de Sousa Junior

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