Uma prisão necessária

“Voltai à fortaleza, ó presos da esperança...”

            Estamos vivendo um tempo muito difícil. Parece mesmo que até quem não está em crise, acaba sendo envolvido por esse sentimento que tem assolado muitas pessoas em nossa nação. Muito maior que as crises econômica, moral ou política que é real e incontestável, a grande crise que as pessoas estão vivendo é a CRISE DE ESPERANÇA. Sem dúvida, existem momentos em nossas vidas que parece ser inútil ter esperança. Jó, um homem temente a Deus, ao passar por inúmeras situações adversas em sua vida, depois de uma série de tragédias, chega a uma conclusão: Jó 6:11 – Onde estão as minhas forças para resistir? Por que viver, se não há esperança? Felizmente Jó era prisioneiro de algo maior: uma esperança que nos leva a superar toda e qualquer adversidade. Um pouco mais adiante ele declara que, apesar de tudo que vivia – “Eu sei que o meu Redentor vive, e que no fim se levantará para me defender e me vindicar ainda que eu esteja no pó do meu túmulo” (Jó 19:25 – King James Atualizada).

            Trazendo para os nossos dias, sabemos que não é fácil ter esperança num mundo onde as injustiças são tão gritantes. É onde somos tomados por um pessimismo que tortura a alma ao ler os jornais ou assistir aos noticiários que se tornou uma tarefa árdua e que exige coragem: coragem para não se abater diante das inúmeras guerras que se multiplicam pelo mundo; coragem para não ser tomado por um desespero diante da violência que grassa pelas ruas de nosso país; coragem para acreditar que vale a pena cumprir meus deveres de cidadania e ir às urnas, afinal há gente honesta no cenário político do país; coragem para simplesmente viver…

            Quando o índice de esperança na alma inicia um processo de declínio, precisamos fazer imediatamente um exercício que nos recobra o ânimo. Lembrar que somos prisioneiros de algo maior que nos move: prisioneiros da esperança. São nesses momentos que precisamos reunir os textos bíblicos que fortalecem a nossa fé e nos fazem novamente levantar. Descortinar nossas mentes com a doce e inigualável certeza profética de que em tempos de aflição a esperança volta quando penso no seguinte: “o amor do Deus Eterno não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Este amor e esta bondade são novos todas as manhãs…” (Lm. 3:21-23, Linguagem de Hoje). Então, um facho de luz para os meus pés cansados providencia um caminho de trilhas retas e justas. Meus olhos já enxergam possibilidades! A palpitação do meu coração diminui e posso prosseguir. Prosseguir para a imbatível certeza de que a esperança permanece, acompanhada pela fé e guiada pelo amor (I Co 13:13), e nos levam a lembrar que “se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (I Co 15:19).

            Nesse momento, entendemos que a nossa momentânea infelicidade e pessimismo resultam do foco errado e nos levam a perceber que precisamos voltar nossos olhos para o futuro e para o fato de que “esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (II Pd. 3:13). Esta é a “nossa esperança de salvação” (I Ts. 5:8, Linguagem de Hoje).

            Então, mesmo “esperando contra a esperança” (Rm. 4:18), seguimos o exemplo do pai da fé Abraão e cremos. Cremos que Deus é poderoso para vivificar uma sociedade amortecida pelo pecado e despertá-la para “Cristo Jesus, nossa esperança” (I Tm. 1:1). Para que mesmo diante das maiores e mais atrozes injustiças não desviemos nosso olhar da “esperança da glória” (Cl. 1:27). Somente assim nossa alma volta ao seu sossego, adentro à fortaleza pois somos prisioneiros de algo maior: PRISIONEIROS DA ESPERANÇA. E, porque permanecemos na fortaleza, que é a presença do Senhor, temos que certeza que Ele nos restituirá em dobro. “Voltai à fortaleza, ó presos da esperança; também, hoje, vos anuncio que tudo vos restituirei em dobro” (Zc 9:12).

 

Pr. Samuel de Sousa Junior

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